Hipermobilidade, Síndrome de Ehlers-Danlos e Dor | O que é Hipermobilidade Articular?

O que é Hipermobilidade Articular?


Hipermobilidade articular (HA) ocorre em pessoas cujas articulações são como em todas as outras pessoas, mas que têm maior capacidade de mover suas articulações. Pode representar o extremo do espectro normal da amplitude de movimento ou um grupo poligênico do espectro de desordens hereditárias do tecido conjuntivo.

Ela poderá ocorrer de forma generalizada, denominada Hipermobilidade Articular Generalizada (HAG) ou em poucas articulações, porém, mesmo a hipermobilidade em uma única articulação pode causar dor e/ou instabilidade, ou seja, esta é uma articulação de risco. Nessa condição a HA ocorre por um defeito genético na síntese e na estrutura do colágeno, uma proteína que dá sustentação à maioria dos tecidos do corpo, tais como tendões, músculos, ligamentos, fáscias, vasos, pele, ossos e em outros órgãos do corpo. As pessoas nascem hipermóveis, dessa forma essa proteína defeituosa está nos seus genes, vinculada à produção do colágeno ou proteína similar. Portanto, não há relação com defeito na quantidade do colágeno.

Proporciona fraqueza para os tecidos do corpo, tornando-os frágeis, portanto, menos capazes de enfrentar as tensões físicas da vida diária, condição associada a riscos, podendo evoluir para incapacidades físicas e até a deficiência física permanente. A característica de Hipermobilidade articular poderá não ter consequências à saúde físico-funcional e, inclusive, até proporcionar “vantagem” para dançarinos, músicos e atletas. No entanto, estão mais expostos às lesões articulações, ligamentos, cápsulas, tendões e outros tecidos próximos às articulações, em função, principalmente da instabilidade, uma vez que elas torcem ou se estendem mais facilmente que o normal, podem subluxar ou luxar essas articulações.

A ocorrência de traumas pode romper tecidos e necessitar de procedimentos cirúrgicos, condição que expõe gradativamente a novas lesões por desconhecimento dos problemas de base da Hipermobilidade, assim como de suas implicações na cronicidade, muitas vezes com diagnóstico secundário. Ex: artrose de joelho, etc... A maioria se recupera de uma lesão de forma mais lenta que o normal, alguns nem se recuperam, ou se recuperam parcialmente e continuam a lesionar repetidamente várias partes do seu corpo. A hipermobilidade é considerada a causa mais frequente de dor em pacientes reumatológicos e, apesar disso, raras vezes é identificada, apesar da alta prevalência não a identificam.

Ressalta-se que a hipermobilidade articular é comumente encontrada em um grupo de condições denominadas distúrbios hereditários dos tecidos, que dentre elas está a Síndrome de Ehlers-Danlos (SED), classificada em 6 (seis) subtipos, sendo a Síndrome de Ehlers-Danlos Tipo Hipermobilidade (SED-TH) o subtipo mais comum e a SED-Tipo Vascular, a mais grave, porém rara.



Como a hipermobilidade articular é identificada?


A prevalência da HA é difícil de avaliar em função da variação entre idade, sexo e etnia. É mais frequente em mulheres e crianças e em asiáticos, seguida de negros e brancos.

A HA poderá ocorrer em 8 a 39% das crianças em idade escolar e em 64,6% das crianças em idade pré escolar.  Há consenso sobre incidência, em torno de 10% de indivíduos ocidentais e em mais de 25% no Iraque.

É mais comum na infância e adolescência, no sexo feminino, em asiáticos e afro-caribenhos e tende a diminuir com a idade com o envelhecimento dos tecidos, condição que proporciona maior rigidez. Portanto, é influenciada pela idade, sexo, etnia, atividade física e traumas, dentre outros e, pode passar despercebida com os fatores do envelhecimento dos tecidos envolvidos ou apresentar vários sintomas.



Como a Hipermobilidade Articular poderá ser “tratada”?


A proposta é que as pessoas descubram o que tem, porquê tem, o que fazer, como fazer e onde fazer, assim como conhecer seus limites para o trabalho, esporte, recreação; ou seja, ter margem de segurança e proteção contra lesões, com mudanças no estilo de vida, programas preventivos e tratamento por profissionais conhecedores do problema, tais como médicos, fisioterapeutas, educadores físicos, etc.

A reeducação postural e de hábitos diários, de forma não tradicional e flexível, para possíveis mudanças na conduta diária, que proporcionem uma nova imagem corporal é o desafio, porém de resultado rápido e protetor quando se tem conhecimento da amplitude do problema de base, suas variáveis e riscos em função também da conduta dos profissionais que desconhecem o problema ou são inexperientes.



Referências


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